2.05.2008

A dicotomia Norte / Sul

Os dados das contas regionais publicados recentemente pelo INE foram já objecto de diversas análises, todas elas coincidindo nos maus resultados revelados, em diversos indicadores, pelo Norte.De facto, a região (NUT II) do Norte voltou em 2004, pelo terceiro ano consecutivo, a piorar o seu indicador de PIB per capita em relação à média nacional, tendo sido a única região do país que registou, no período de 2000 a 2003, uma evolução real negativa do seu PIB.A região Centro, embora apresentando uma ligeira melhoria, manteve a posição (que ocupa desde 2002) de segunda região mais pobre do País, logo a seguir ao Norte.Estas duas regiões são também as que registam o menor índice de produtividade (ambas com 81% da média nacional).A análise ao nível de regiões NUT III confirma a posição desfavorável do Norte e Centro. A região portuguesa com menor PIB per capita é o Tâmega (no Norte), seguindo-se a Serra da Estrela, o Pinhal Interior Norte (no Centro) e o Minho-Lima (no Norte). As 11 regiões NUT III mais pobres de Portugal situam-se, todas elas, no Norte ou no Centro. O Grande Porto, sendo a região NUT III mais rica do Norte, fica, em termos de PIB per capita, aquém da média nacional, com um indicador de 98%, que compara com os 166% registados pela Grande Lisboa.Sendo as duas regiões NUT II do Norte e do Centro de Portugal responsáveis por 60% do VAB industrial de todo o país, 70% de todo o emprego industrial e 62% das exportações nacionais, estes dados deveriam fazer surgir, ao nível nacional, no mínimo, alguma inquietação. Como já tivemos a oportunidade de afirmar, sem um Norte industrial forte, não é concebível nem a correcção do desequilíbrio externo nem a emergência duma economia nacional saudável. O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), recentemente apresentado à Comissão Europeia, deveria ser, por excelência, o documento onde se assumisse um objectivo claro de combate a esta grave tendência de empobrecimento relativo da região onde se concentra a base industrial e exportadora nacional. É por isso preocupante que, no seu capítulo de enquadramento, se leia que o retrato territorial do país em termos de competitividade e coesão territoriais nos mostra uma realidade que progressivamente se tem afastado das dicotomias Litoral/Interior e Norte/Sul.

Gabinete de Estudos da AEP
2005

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