7.10.2007

Sem Norte

No passado, o Norte fundou a nacionalidade e susteve-a durante séculos, sem vacilar. Lutou com a força dos valores enraizados numa tradição que vem desde o início dos tempos. Actualmente o Norte é a região mais pobre da Europa, a mais destroçada, a que tem menos amor-próprio e esperança. Hoje o nortenho é uma criança pobre e mimada, sentada no chão à espera que o futuro passe por ela sem a ver. É a caricatura grotesca daquilo que sempre foi . Pela primeira vez em mil anos de História portuguesa, deixou cair a nacionalidade e rendeu-se sem condições. Se nos tempos de Viriato foi preciso uma punhalada nas costas, a verdade é que nos tempos actuais foi preciso muito menos para que os romanos vergassem o nortenho. O mesmo povo que fez tremer Napoleão, sucumbiu perante a nova ordem mundial e agora põe-se de joelhos, roto e esfomeado, a pedir esmola aos invasores.
Hoje o Norte está doente e o culpado é um cancro chamado empresário e com muitos metástases denominados políticos. O nortenho é um sugador de fundos comunitários sem estratégia para o futuro. A sua visão mesquinha não lhes permite fazer um investimento sustentado, por exemplo, nos recursos humanos. Preferem o gozo pessoal proveniente da chefia ditatorial, simplesmente porque retiram uma utilidade maior nesse acto do que no lucro subjacente à racionalidade económica. Além disso, por qualquer moral distorcida, conseguem viver com a própria consciência apesar de tratarem os empregados como escravos. Para eles, os funcionários são seres desprovidos de qualquer necessidade ou vontade pessoais. E tudo o que existe para além disto é suprido por uma paternidade ambígua nas relações laborais e uma completa destruturação hierárquica motivada pela racionalidade.
Ao contrário do que o próprio considera, o empresário nortenho não é um sobredotado com um poder mágico, mas sim alguém que assumiu um risco e que consegue sustê-lo, neste caso de forma penosa, por um período limitado de tempo, podendo tal situação inverter-se a qualquer momento. A verdade é que transformam negócios profundamente lucrativos em actividades sofríveis, sem políticas credíveis a jusante ou montante das relações económicas.Há quem culpe este desastre económico na falta de formação empresarial e na incompetência dos organismos responsáveis (leia-se Instituto de Jovens Empresários, IAPMEI e outros organismos estatais movidos por influências partidárias). Mas os principais aliados são mesmo os políticos nortenhos. Não servem o Norte, mas servem-se dele até ao tutano para conseguir honras e iguarias do poder central. Culpam o monstro frio lisboeta como sendo a origem de todos os males porque não têm a coragem ou dignidade para localizar o problema em si mesmos e começar uma transformação profunda nas atitudes. O seu principal objectivo não é a promoção do desenvolvimento económico e social, mas dar alimento à própria ambição animal.
Para finalmente evoluirmos é necessária uma revolução que comece nas raízes da mesquinhez política e acabe na visão troglodita dos empresários. E não há vontade para que isso aconteça, porque uma mudança séria faria estes necrófilos caírem mortos ao lado do cadáver do Norte.

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