5.30.2007

Como interpretar um Relatório e Contas

O trabalho de um contabilista ou gestor não é uma acção complexa feita por pessoas com elevado grau de formação. Pelo contrário, qualquer empresário deve ser capaz de saber analisar os documentos que lhe são apresentados. As avenças pagas ao contabilistas devem (deveriam) incluir uma breve explicação sobre a intepretação dos elementos que são entregues. Se esta explicação for feita de forma simples e concisa, os empresãrios chegarão facilmente à conclusão que o trabalho dos contabilistas mais não é do que uma repetição parametrizada de elementos antigos, ou seja, o "trabalho técnico de grande dificuldade e complexidade" não é mais do que a aplicação de normas simples sobre o trabalho administrativo das empresas. Deste modo, é objectivo deste site vencer estes mitos que só servem para atrasar o desenvolvimento do tecido empresarial português. Não pode haver uma classe de trabalhadores, responsável pelas contas das empresas, que estagne a economia por não saber (querer) explicar aos empresários a saúde das organizações. Começamos, pois, com um documenro feito pela Neotec sobre a leitura de Relatórios de Contas, considerados por muita gente como um "bicho de sete cabeças". O que se segue vai provar que não é assim.

Saber decifrar um Relatório e Contas (RC) é essencial: o documento reflecte e sintetiza o estado de saúde das finanças de uma empresa. Em Portugal, os RC só são publicados pelas empresas de uma certa dimensão. No entanto, todas as sociedades são obrigadas a preparar contas, que devem ser aprovadas, por sócios ou accionistas, e depositadas na Conservatória do Registo Comercial. Se não apresentar esse relatório, a empresa pode incorrer numa pena de multa.
Infelizmente para os refractários ou os mais distraídos, a declaração de impostos não substitui esta formalidade.
Convirá, no entanto, ter em conta que existem empresas que seguem já o Normativo internacional e que por isso podem, em alguns casos, apresentar desvios em relação a outras, que se mantêm fiéis à aplicação do custo histórico. Por essa razão, a análise comparativa entre contas de dois anos ou entre empresas pode não ser uma tarefa fácil e linear.
Em segundo lugar, é fundamental ter em atenção que os documentos de prestação de contas se complementam uns aos outros e, por isso, a análise do balanço ou da demonstração dos resultados por si só não permite uma visão adequada da empresa.
A análise da demonstração dos resultados – quer por natureza, quer por funções –, e a demonstração dos fluxos de caixa permitem uma leitura sobre a forma como o resultado foi criado e quais as actividades que geram cash. O anexo às contas deverá dar as informações adicionais e suportar as bases com que os documentos foram preparados. Eis os principais elementos do relatório e contas de uma empresa.

O RELATÓRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Este texto, a parte menos técnica do relatório, respeita alguns tópicos (investimentos realizados, resultados e perspectivas). É o único elemento que produz considerações sobre a actividade futura da empresa. Opina sobre os números. Poderá começar por uma análise da economia portuguesa (introdução, síntese dos aspectos conjunturais), restringir o ponto de vista ao sector de actividade (actividade comercial), ao negócio em si (posicionamento, actividades)

AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Representam o balanço, a demonstração dos resultados, a demonstração de fluxos de caixa e os respectivos anexos às contas. O balanço não indica quanto é que a empresa vale: é apenas uma fotografia, uma situação patrimonial num dado momento do tempo. A demonstração dos resultados permite a avaliação do desempenho da empresa no ano e face ao ano anterior. A análise da demonstração dos resultados carece de alguma atenção e comparação, dado que o resultado gerado no ano deverá atender a duas ópticas:
- Por Naturezas : proveitos e custos agregados em grupos homogéneos; resultados operacionais agregam os proveitos e custos que respeitam à exploração (actividade principal da empresa); resultados financeiros originados pelos ganhos e perdas provenientes de aplicações financeiras; resultados extraordinários que resultam de acontecimentos não rotineiros e expectáveis.
- Por Funções : os custos e proveitos são agregados evidenciando as funções clássicas da empresa tais como produção, distribuição, áreas administrativa e financeira. Esta agregação implica que as empresas possuam um sistema de contabilidade analítica.

A demonstração dos fluxos de caixa, internacionalmente denominada cashflow statement, que tradicionalmente era apenas apresentada por empresas cotadas, é actualmente um documento de prestação de contas obrigatório em Portugal e que permite uma análise sobre um aspecto fundamental da gestão financeira – a liquidez. O conceito de fluxo de caixaé, em termos simples, a variação das disponibilidades (caixa, bancos e equivalentes) entre duas datas. Este conceito
deve ser complementado e decomposto na criação do respectivo mapa de fluxos monetários onde esta variação das disponibilidades é medida através das áreas do ciclo financeiro significativas – exploração, investimento e financiamento.

O ANEXO ÀS CONTAS
Trata três temas ou contém três tipos de notas: discriminação das regras que conduziram à elaboração das demonstrações financeiras; elementos para compreender a informação que está nas contas (dados mais detalhados sobre investimentos financeiros, detentores de parte significativa do capital da empresa – participações superiores a 20 por cento –, clientes,
fornecedores, imobilizado); informação complementar (casos litigiosos, compromissos financeiros...). Não se trata, por isso, de uma mera decomposição de valores já registados nos mapas. Dizem os auditores que boas notas às contas valem o relatório.

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